Há vaga para comentarista no Sport TV ou na ESPN?

por Maria Beatriz Lobo - julho 26th, 2011

Depois de assistir à Copa América, ouvir os comentaristas e finalmente o programa Bem Amigos do Galvão Bueno de ontem, tenho uma perguntinha: só alguns telespectadores se lembram das coisas que se fala nestes programas mesmo ou eles pensam que todos nós somos imbecis? Pergunto porque tenho visto uma defesa intransigente dos “meninos” do nosso ataque (Neymar, Ganso e Pato) com mil observações de que temos que ter paciência pois a pressão sobre eles é muito grande, que eles são ainda muito jovens e são eles os responsáveis para trazer de volta o futebol arte que “a torcida e todos os brasileiros” querem ver.
Só que quando o Dunga não convocou a dupla do Santos (e ganhou a Copa América, vejam só!!!) e perdeu em um jogo difícil saindo da Copa de 2010, foi massacrado pela imprensa e comentaristas especializados por ter deixado ambos de fora (sendo que o Ganso estava com o joelho podre e em seguida correu fazer a cirurgia, como todos nós vimos).
Parece que não há mesmo coerência em quem vive de comentar futebol, ou ser especialista passou a significar que eles tem o direito de mudar de opinião, ou se contradizer sem o menor constrangimento.
Entendo pouco de futebol, mas gosto e analiso o que falam e o que vejo. Já havia escrito uma crônica sobre o trabalho do Dunga logo após a Copa de 2010 que vou postar aqui até o final de semana (para mostrar que já dizia o que agora parece que virou consenso).
Só que vendo e ouvindo nossos comentaristas, juro por Deus, me dá vontade de pedir um espaço para comentar nesses programas do tipo mesa redonda sobre futebol (e outros esportes), ah!!, isso dá! Não faria feio não!

Pior do que está não pode ficar!

por Maria Beatriz Lobo - julho 16th, 2011

Eu tenho, com alguma frequência, conseguido emplacar alguns artigos em grandes jornais, a maioria sobre educação e principalmente aqueles que se relacionam com pesquisas que fazemos ou que trazem opiniões/questões polêmicas (como por exemplo, há alguns anos, acho que fui a única pessoa que aceitou escrever em “Tendências e Debates” da Folha defendendo o porquê o governo não deveria dar dinheiro para a PUC-SP sair da crise financeira em que ela se encontrava, à época).
Curiosamente, um dos poucos artigos que foi rejeitado, assim direto, foi o que enviei há cerca de 2 anos e que agora transcrevo abaixo, pela simples razão de que ele é super válido e porque eu ainda acredito muito na ideia. É uma das poucas soluções que vejo que pode impactar a Educação Básica brasileira com a urgência que nosso país precisa.
Ouvi o Ministro da Educação falar, há cerca de 2 meses, que o Brasil foi o país que mais progrediu entre os países que se submetem ao PISA – de 58º ou 57º lugar para 53º, ou coisa assim !!!! - e acho isso um absurdo, pois eu vi a capacidade que as pessoas tem de vender o copo meio vazio como se estivesse meio cheio…!
É por isso que posto aqui meu velho e corajoso artigo, pois essa é a vantagem de ter um Blog: se não querem publicar, eu publico e submeto à opinião de vocês!

“As mudanças mais significativas pelas quais passam os mais diferentes países não são, necessariamente, fruto de processos paulatinos, oriundos de uma série de ações desenvolvidas com objetivos pré-estabelecidos e que exigem uma ordenação temporal e conceitual para serem implantados. A história nos mostra vários exemplos de processos descontínuos, cujas rupturas advêm de mudanças pontuais – muitas vezes não planejadas – que alteram decisivamente o funcionamento de um sistema.
Faço essa introdução como contraponto às soluções frequentemente sugeridas pelos críticos às políticas públicas no Brasil que exigem longos e participativos processos, além de vontade política, grandes investimentos e mudanças legais. Embora esses projetos possam ser conceitualmente corretos, mostram-se muitas vezes inviáveis politicamente, ou inexequíveis no espaço de tempo necessário para que o país não perca, mais uma vez, o bonde do desenvolvimento.
Diante da impossibilidade de se aplicar plenamente as receitas sugeridas pelos críticos, os formuladores de políticas seguem o consenso e, assim, transformam-se em gestores de projetos grandiosos pela metade: o investimento não é o ideal, as mudanças legais são parciais e a vontade política passa a defender o possível. Poucos pensam em mudanças simples que possam alterar o sistema de incentivo dos agentes envolvidos.
O quadro da educação brasileira, infelizmente, encoraja a mudança: estamos entre as piores nações do mundo nos resultados dos alunos medidos pelo Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA), nossas escolas obtêm resultados sofríveis do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica, temos somente uma universidade (a gloriosa USP) entre as 150 melhores do mundo, mesmo estando entre as maiores economias do planeta.
Portanto, essa situação dramática pode ser libertadora: não temos quase nada a preservar no nosso sistema educacional.
Por essa razão, ouso fazer uma proposta radical: sugiro que seja implantado um Exame Nacional Obrigatório de Suficiência para que o aluno tenha direito a qualquer diploma da Educação Básica. Começaria pelo ensino fundamental e se estenderia até ao ensino médio para que, em poucos anos, nenhum diploma no Brasil seja expedido sem a garantia de que o estudante adquiriu os conteúdos mínimos necessários para aquele grau de ensino. O Congresso ao aprovar a lei indicaria que o Exame só passaria a valer para os formandos ingressantes no ano seguinte ao que a lei foi promulgada, assim todos teriam chances de conhecer as regras do jogo e se adaptar.
Já espero todo tipo de reação contrária. Muitos educadores argumentarão que essa avaliação passaria a ter caráter punitivo, não devendo ser esse o sentido desse tipo de processo. Alguns bem intencionados dirão que é preciso, isso sim, investir no professor e no processo de ensino, argumentos que serão utilizados também pelos mal- intencionados para tentar, mais uma vez, fazer com que nada mude.
Os representantes dos estudantes acharão injusto que os alunos sejam punidos por problemas do sistema (exatamente como fazem em relação ao ensino superior) e que uma prova só não avalia ninguém (mesmo que, na prática, concursos públicos, de associações profissionais e mesmo qualquer outro tipo de processo seletivo utilizem exatamente esse critério).
Possivelmente, encontrarão na minha proposta motivações privatistas financiadas pelo FMI e pelo Banco Mundial que querem – segundo suas análises – desmoralizar o ensino público, sem raciocinar sobre quem, de fato, eles defendem com essa postura.
Defendo um exame de suficiência e a volta aos bancos escolares dos alunos que não obtiverem o resultado mínimo necessário para obter um  diploma baseada no simples fato de que nada mudará no Brasil enquanto avaliações negativas que mostram o fracasso das nossas escolas não tiverem consequências concretas para todos os envolvidos: governos, sistemas, escolas, professores, alunos e famílias. Afinal, a educação envolve todos esses segmentos.
Uma vez que os governos estaduais e municipais transferem as culpas e responsabilidades uns aos outros e o governo federal não tem poder sobre esses sistemas de ensino, é fundamental garantir que, independentemente do estado, ou município, só a aprovação em um exame de caráter federal daria direito ao aluno obter seu diploma com validade.
Os resultados dos exames deveriam ter ampla divulgação (sim senhor!) por escola, por município, por estado, o que faria com que pais e filhos – enfim a sociedade civil “não organizada” – com pavor que alunos passem anos na escola e depois não consigam ter o diploma, pressionem os governos e mantenedores de colégios, aí sim, a investir mais nos professores, nos processos, na infraestrutura etc. Por que? Porque quase sempre é quando se cobra resultados que as pessoas passam a procurar e a cobrar também soluções efetivas.

Não se abre no Brasil um curso superior (seja de artes ou de qualquer área do conhecimento) sem que a instituição atenda a milhões de exigências do MEC, mas se abre uma escola de ensino fundamental em qualquer lugar, com qualquer nível de docentes, muitas vezes sem lugar para os alunos se sentarem que não passa por nenhum tipo de regulamentação ou comissão avaliadora e que, mesmo assim, vai educar nossos filhos e direcionar (na maioria das vezes muito mal) todo o seu futuro e o futuro do país!
Vejam bem, não defendo a reedição do Provão para a Educação Básica porque sou contra o aluno não ter o resultado em seu histórico escolar (como era antes e continua sendo com o ENADE) assim como sou contra que o governo permita – e, a bem da verdade, permitiu sempre para calar a UNE – que sejam diplomados alunos que tiram zero em Medicina, ou em Engenharia, ou Psicologia e em outros cursos que lidam direto com o cidadão exercendo essas profissões e colocando em risco a vida das pessoas como se fosse a coisa mais natural….
Não quero criar um exército de “sem diplomas”. O aluno reprovado poderia fazer o exame quantas vezes fosse preciso, mas teria o que deve ter todo mundo que passa por um processo com resultado defeituoso: direito a recall. Voltar e aprender o que não foi aprendido e não voltar a ser reprovado por falta de base várias vezes lá na frente. Assim, com o tempo, não teríamos mais diplomados analfabetos funcionais, escolas e professores de faz de conta que não sabem ensinar e não se sentem corresponsáveis pelo fracasso dos alunos, e políticos descomprometidos que, na verdade, não prestam contas a ninguém.
Isso traria reflexos imensos e positivos ao ensino superior (que hoje se queixa tremendamente, e com razão, da qualidade de seu ingressante) e à própria formação de professores que é da responsabilidade das instituições de ensino superior, criando um círculo muito mais virtuoso.
Sei que a ideia é polêmica, mas não dá para esperar o sistema se auto ajustar. Sou a favor da avaliação, fui uma das primeiras gestoras brasileiras a introduzir a avaliação do desempenho docente nas universidades em que trabalhei (a primeira foi na UNIFOR em 1989!) e acho que só avaliação com consequências sérias casada com uma boa política de incentivos podem gerar mudanças na inflexão que tanto precisamos.
Claro que haverá o risco de que levantem a bandeira para acabar com o exame: candidatos a caça de votos nas eleições, sindicatos e associações de docentes e estudantes, (já viram esse filme?) etc. A sociedade mais bem esclarecida defenderá sua permanência e, com o tempo, será natural como o Exame da Ordem dos Advogados do Brasil – OAB!
Não tenho a ilusão de que essa seja uma panaceia para todos os males, nem pretendo desmerecer outras iniciativas que estejam sendo empreendidas com bons resultados – mesmo que quase sempre em escala piloto. Não quero, também, me ater a detalhes operacionais (que não podem e não devem impedir que a ideia, em si, seja discutida). Não busco culpados, nem abnegados. Não gostaram da proposta? Tragam uma melhor, mas que faça o Brasil mudar radicalmente seus resultados na educação em pelo menos uma década.
Eu pensei nisso porque sinto que um país continental repartido por ideologias e desigualdades precisa ter coragem de tomar medidas mais drásticas que ajudem, mesmo que por caminhos que possam parecer tortos para alguns, a reverter o quadro da educação brasileira sobre o qual, pela primeira vez, chega-se a um consenso: pior do que está, não pode ficar!”

Um tributo à minha mãe!

por Maria Beatriz Lobo - julho 13th, 2011

Conheço muita gente que adora suas mães. Principalmente quando elas fazem o que queremos, ou nos ajudam como podem carregando grande parte do fardo dos filhos – mesmo quando estes deveriam já tomar conta de suas próprias vidas – fazendo com que elas acabem por postergar seu merecido descanso e abrir mão de sua qualidade de vida.
Também conheço muitos filhos que só dão valor às mães quando estas estão velhinhas e incapazes de aproveitar o prazer do carinho sincero e da admiração merecida.
Amo minha mãe e mais do que isso me sinto extremamente comprometida com sua vida, sua proteção e tudo que possa poupá-la de esforços inúteis e preocupações indevidas.
No meu caso específico, tenho em minha mãe uma pessoa a quem admiro, respeito e faço de tudo para tornar a vida dela melhor, pois ela fez de mim uma pessoa melhor e esteve ao meu lado, com seu senso de justiça, disponibilidade e carinho, em todas as ocasiões que me foram necessárias a sua força, a sua honestidade e a sua isenção.
Sempre digo que não faço muito drama ligando dezenas de vezes para marcar presença (tem gente que faz isso, mas foge das responsabilidades…) ou repassando a ela meus problemas que seriam apenas motivo de aflição. Ao contrário, só penso em como poupá-la de trabalho, proporcionar-lhe lazer e diversão e ajudar utilizando os recursos que tenho e meus cuidados para facilitar a vida dela e para ela! Também batemos longos e cúmplices papos!
Além do amor, (que não precisa ser cego aos defeitos, mas que sabe o que são pecadilhos e não pecados mortais) tenho por ela respeito como pessoa, como  mulher e profissional e gostaria que meu filho tivesse por mim pelo menos a metade da admiração, amor e consciência da importância dela em minha vida em relação ao que eu represento para ele.
Para isso, tenho me esforçado muito, mas o caminho é longo.
Viva Dona Maria José! Vida longa de saúde e paz!

É justo o brasileiro não poder assistir finais de campeonatos de seleção brasileira de outros esportes?

por Maria Beatriz Lobo - julho 13th, 2011

No último fim de semana pude acompanhar as finais da liga de vôlei masculina (que perdemos para a Rússia, mas foi um jogão) e nossa despedida da Copa de Futebol Feminino, por meio de canal por assinatura.
Enquanto isso, nos canais abertos só se viu caldeirões, programas de estrelas e filmes de quinta categoria, enfim, a mesmice para ludibriar a classe C e D.
Não acho justo que uma empresa compre os direitos de exibição de jogos de nossas seleções e decida que não vai transmitir (e isso ACONTECE DIRETO) ou só quem pode ver é o assinante que paga o sinal a cabo. Tirando o futebol…
Se o canal não quer passar o evento para não atrapalhar sua programação, por lei deveria ser obrigado a repassar a outro canal aberto. Pelo menos nos esportes e campeonatos de expressão de nossas seleções de esportes mais populares, democratizando o acesso da população aos jogos de suas seleções! Vocês não acham também?

Foi bom pra você?

por Maria Beatriz Lobo - julho 11th, 2011

 Não sou crítica da tecnologia, mas também não sou fanática pela absoluta conectividade que parece ter assolado o mundo. Uso meu celular para eventualmente encontrar pessoas quando estou viajando, emergências em geral, mas praticamente não recebo chamadas por estar sempre ou disponível em meu escritório, ou em minha casa (para amigos e parentes) ou então, como deve ser, indisponível mesmo! Não quero ser interrompida a qualquer hora por qualquer pessoal quando estou trabalhando, em reunião com clientes ou em paz na minha casa, ou na minha hora de descanso no hotel.
Mas eu sei que sou quase uma exceção e uma das razões deve ser a minha faixa etária (minha geração usa, em geral, menos apetrechos high techs), ou o fato de que eu tenho um escritório fixo que pode “me achar”, o que me permite usar meu celular como penso que ele deveria ser considerado: como uma ferramenta a meu serviço.
Conheço gente que se considera viciado em celular, que não consegue ficar desconectado de jeito nenhum e isso para os exageros é um pulo. Sou testemunha de verdadeiros absurdos virtuais que são, na verdade, pura falta de bom senso, para não falar de educação.
Pessoas que atendem telefone ou usam seus equipamentos nas situações mais esdrúxulas e constrangedoras (banheiros públicos, no meio da noite em viagem de ônibus, durante palestras, no cinema etc) às vezes são valorizadas nos anúncios de TV (lembra do estagiário Dudu que vira Carlos Eduardo porque acha na web a resposta de um problema?), ao invés de criticadas, por terem até esse “diferencial de qualidade do profissional”.
Só que este tipo de uso da tecnologia é, na maioria das vezes, uma enorme demonstração de falta de capacidade de concentração e até de respeito mesmo com quem, por exemplo, está na reunião concentrado, ou expondo problemas enquanto alguns participantes estão twitando seus e-mails particulares ou navegando na internet.
Parece que eu estou por fora do mundo por achar, afinal, que esta necessidade de conexão está levando as pessoas a ficaram desconectadas….uma das outras! Acredito firmemente que estamos caminhando para um isolamento disfarçado pelos contatos superficiais que a nova tecnologia proporciona e que pode nos afastar, ou tirar a necessidade de conhecer as pessoas e de nos RELACIONARMOS com elas.
O argumento de que hoje as pessoas possuem muito mais contatos e amigos por causa das redes sociais não pode ser verdadeiro na medida em que houver a substituição da necessidade de saber, de discutir, de trocar opiniões, do olho no olho…pelo torpedo.
Eu vejo nas salas dos aeroportos cerca de 80% das pessoas absortas em seus smartfones, netbooks e tablets cuidando de coisas que nem sempre são urgentes, mas ocupando as mentes com o que antes era espaço e tempo para a leitura de um bom livro, ou para um daqueles bate-papos que fazem a vida valer a pena (para onde você vai? você é daqui? onde fica sua cidade? você conhece fulano?). Papos que nos fazem ter noção das diferenças, do mundo lá fora e ao mesmo tempo nos tornam todos mais próximos.
Conheço vários pais que morrem de medo de ficarem em um mesmo lugar com seus filhos caso não haja acesso à internet, ou luz elétrica, pois não teriam assunto para discutir, formas de distrair, ou maneiras de controlar os filhos, ou seja, não conseguem mais conviver (e aí estes aparelhos viram babás eletrônicas ou substituem um entretenimento mais saudável, ou o prazer de estar com a família)!
Meu neto (filho de meu enteado) que acabou de chegar de um ano de intercâmbio na Suíça confirmou que este é um fenômeno que não é brasileiro e não tem fronteiras. Ele esteve em 5 países europeus e viu isso em todo lugar e deu-me a prova que faltava de que a coisa fugiu do controle: jovens nas festas que ficam em uma sala sentados conversando… por twiter com outros jovens …que estão na mesma sala (física e não virtual) da festa!!!
Eu sei e reconheço muito bem o valor e a importância que o acesso às informações e ao mundo agregam ao processo educativo, ao trabalho, ou à vida das pessoas com a comodidade de saber de tudo e praticamente acabar com as distancias, mas o uso exagerado, até mesmo neurótico, da conectividade precisa ser repensado.
Caso contrário ainda vai chegar a hora em que será comum um casal, após uma relação carnal (e não virtual) sentar na cama, pegar o celular e twitar para o outro: Foi bom pra você?

Vai fazer ponte barata assim na China!

por Maria Beatriz Lobo - julho 2nd, 2011

Eu não resisto…!
Toda a imprensa tem anunciado com naturalidade que a China abriu ao público a maior ponte do mundo sobre o mar. O empreendimento tem 36,4 km de extensão e custou R$ 3,6 bilhões aos cofres públicos deles! Eu queria entender como os brasileiros não ficam chocados ao comparar o custo de uma ponte desta SOBRE O MAR em relação aos custos das obras aqui, diante do que se gastou no continente asiático para fazer esse colosso com todas as dificuldades da construção sobre o oceano. Sem falar no trem bala!  A título de ilustração, segundo o site Terra, só nos estádios brasileiros para a Copa de 2014, os gastos previstos (em 2011 porque até lá pode mudar muito!) são os seguintes para as 12 sedes:
1- Maracanã – Rio – R$956 milhões;
2- Mané Garrincha – DF- R$696 milhões;
3- Minerão- BH – R$ 666 milhões;
4- Fonte Nova- Salvador – R$591 milhões;
5- Arena- Recife – R$ 532 milhões;
6- Castelão- Fortaleza- R$518,00 milhões
7- Vivaldão- Manaus – R$500 milhões;
8- Verdão – Cuiabá – R$500 milhões;
9- Itaquerão – SP – R$420 milhões (só em isenção fiscal, porque a obra será muito mais cara!);
10- Arena das Dunas – Natal – R$ 400 milhões;�
11-Beira-rio – Porto Alegre – R$250 milhões;
12- Arena – Curitiba – R$ 220 milhões!!!
Isso porque a maioria é só REFORMA e com muito dinheiro público, mesmo ficando depois para usufruto e valorização do patrimônio dos clubes. Olha que eu sou corintiana, mas acho isso tudo um escândalo! Como pode uma ponte como a chinesa custar pouco mais de 3 vezes a nova reforma (lembra que já foi feita uma reforma para o PAN?) do Maracanã? Só em estádios, a previsão agora (e vai subir!!!) é de gastarmos mais de 6 bilhões (R$6.249.000.000,00), fora toda o resto, dá para acreditar?
Se os chineses construíram esta ponte com essas dificuldades, neste preço, vamos pedir uma mãozinha para eles?�
Nem adianta dizer que eles trabalham com mão de obra quase escrava etc, porque o problema é que NINGUÉM se espantou com a diferença de valores!!! Esperava ouvir, pelo menos, o Joelmir dizer “ponte barata assim, só na China!” Mas não ouvi nada…..

Você conhece fulano?

por Maria Beatriz Lobo - junho 27th, 2011

Este post tem como objetivo dar um “toque” nas pessoas que, sem qualquer maldade (mas com muita frequência), costumam perguntar a outras pessoas: Você conhece fulano, ou fulana? Em primeiro lugar a pergunta exigiria um esclarecimento, ou pelo menos um adendo: conhecer significa saber quem é ou já ter sido apresentado a esta figura?
Pode parecer uma bobagem, mas durante anos convivi com um amigo que sempre dizia conhecer qualquer que fosse a personalidade citada (passando-se assim por alguém com alta penetração nos melhores e mais seletos círculos das mais diferentes áreas) até que meu marido teve a feliz idéia de perguntar uma vez: e ele te conhece? A resposta negativa veio com a devida explicação – não, eu o vi na TV!!!!
Ou seja, é melhor perguntar se a pessoa já “ouviu” falar de alguém e não se “conhece” alguém (a não ser que o objetivo seja conhecer mesmo!), principalmente se for alguém famoso, pois a resposta tenderá a ser mais confiável.
Outro problema comum é que este tipo de pergunta, geralmente, é sobre uma pessoa que – pelo menos para quem pergunta – faz parte do meio que ela convive, ou da área em que ela atua, ou pode até ser uma referência cultural, artística, política que tem algum significado para ela – e que, por alguma razão, faz com que pense que deveria ser conhecida por todos, mundo afora.
Quando são ícones, cuja premissa de conhecimento óbvio pelo interlocutor é  uma forte possibilidade, a pergunta nem caberia. Ex: você conhece George W Bush? Brad Pit? Lula? Nesse caso, conhecer só poderia significar ter estado fisicamente com a celebridade, ou pelo menos deveria levar em conta que você tem uma cultura geral básica e sabe de quem se trata, caso contrário, a pergunta pode até ser ofensiva, mesmo que sem essa intenção.
É verdade que no caso de ser uma pessoa razoavelmente conhecida do público em geral, ou sabidamente pertencente ao seu círculo pessoal restrito, receber este tipo de indagação pode até ajudar a imprimir um caráter mais pessoal à conversa, uma aproximação baseada em coisas em comum com seu interlocutor.
Só que é preciso cuidado, pois é super comum também alguém perguntar sobre uma pessoa específica que ELA conhece ou admira, ou sobre quem estudou ou de quem viu algum trabalho, para alguém que não é deste círculo, que não gosta necessariamente das mesmas coisas e cuja probabilidade de conhecimento é quase nula pois vira uma armadilha para a outra pessoa, pois quem responde negativamente ainda ouvir algum tipo de protesto: como não? Fulano fez tal coisa que é um marco, ou é super famoso na área x!
E a quem foi perguntado, como se sente? Será que acaba passando, sutilmente, mas recorrentemente por alguém ignorante?
Para terminar, vou usar um exemplo de casa: muitas pessoas perguntam ao meu marido (por ter sido reitor da USP com uma longa carreira em cargos de gestão da maior universidade da América do Sul) se ele conhece fulano, ou ciclana. Por razões óbvias, a chance é grande dele responder que não. Como resposta, acaba ouvindo de forma quase indignada: mas é (ou foi) professor (a) da USP! Como você não conhece? Ele (a) diz que te conhece!
E eu, por vezes, acabo me intrometendo para informar, com certo bom humor, que são mais de 5 mil os professores da USP (só na ativa!) e o Reitor é um só, por 4 anos, o que explica o desconhecimento de muitos deles por parte de Roberto e o fato de todos dizerem que o conhecem, mas, invariavelmente, não ajuda a animar a conversa para quem perguntou…�
Por isso, cuidado com essa pergunta, pois pior que ela é só a famosa saia justa: Você se lembra de mim?

Não percam o texto da Lia Luft

por Maria Beatriz Lobo - junho 19th, 2011

Eu raramente penso em recomendar textos que já estão em circulação nacional porque acho que todos já devem ter lido, mas não percam o artigo da Lia Luft, “Este nosso Brasil”, na revista Veja que começou a circular hoje. Ela resume de forma clara (e até menos truculenta do que eu costumo fazer) e muito adequada a situação de nossa sociedade e a falta de defesa dos valores que tanto prezamos. Parabéns a ela pela lucidez! Leiam e espalhem!

Por que sou contra as cotas nas Universidades brasileiras?

por Maria Beatriz Lobo - junho 3rd, 2011

Eu sou contra cotas por raça nas universidades, não só pelos motivos que normalmente se coloca: de que estamos instalando agora a diferença de raça de forma clara no Brasil.
Em todos os sistemas de cotas, ou de políticas afirmativas (no trabalho, por exemplo, como a porcentagem de vagas obrigatórias para portadores de deficiência) a sociedade deve decidir se deve, ou não incentivar minorias, ou gênero, ou grupos, inclusive quais os casos em que pretende reparar injustiças sofridas por determinados grupos que forem considerados socialmente prejudicados, ou que apresentem dificuldades de competitividade por não terem acesso às mesmas oportunidades do restante da população.
Eu não defendo o sistema de cotas nas universidades porque, diferentemente do que ocorre em outras áreas, nas instituições educacionais de alto nível, no caso do Brasil, principalmente nas universidades públicas, a questão do mérito é fundamental e pressupõe, além da bagagem acadêmica necessária para responder aos desafios do curso, que seja analisada a verdadeira vocação do aluno, uma vez que são os mais vocacionados os que possuem mais chances de se tornarem os profissionais ou cientistas que se pretende formar nestas instituições, estabelecendo-se qual perfil de aluno é mais adequado às necessidades do país, independentemente de cor, credo, sexo etc.,
A dificuldade de acesso ao ensino superior não se resolverá abrindo algumas vagas, ou cotas ou mais algumas IES públicas e gratuitas e sim com a adoção, como faz a maioria dos países desenvolvidos, de um amplo programa de financiamento ao estudante carente, mas academicamente capaz.
No ensino superior brasileiro 52% dos alunos são oriundos dos 20% mais ricos na população, enquanto 2,7% são oriundos dos 20% mais pobres. Ou seja, nosso modelo é cruel e inexplicável!
Além disso, as nossas melhores universidades públicas (que ainda são as ilhas de excelência e da produção científica no Brasil e precisam se manter como o referencial de qualidade para as demais instituições nos seus campos de atuação: científico, tecnológico, educacional, cultural e artístico) precisam ser preservadas sem terem que responder por este tipo de política de inclusão social, que é de estado e não das universidades.
A inclusão social por meio da educação superior só ocorrerá realmente por meio de um corajoso e radical programa de melhoria de nossa educação básica. Temos que tomar medidas para isto que, diante do descalabro dos resultados de nossos alunos nos exames internacionais, terão que ser radicais (pois defendo que não há tempo para esperar que o sistema melhore no seu próprio compasso, com medidas só de incentivo aqui e acolá, pois sempre estaremos muito atrás dos países que já são bons e ainda se aprimoram quase no nosso atual ritmo) e de amplos programas de financiamento ao aluno em boas instituições públicas e privadas.
Estes programas que não devem ser confundidos com a ampliação desmedida das nossas instituições públicas – em especial daquelas que adotaram o modelo da universidade européia, com custos, estrutura e missão voltadas de fato muito mais à pesquisa e à pós-graduação.
Se o governo almejar de fato democratizar a formação de profissionais de nível superior os sistemas federal, estaduais e municipais precisam diversificar o modelo de ensino superior ampliando os tipos de cursos e de instituições, criando e financiando programas mais próximos das necessidades de empregabilidade, como os “community colleges” americanos que são muito mais baratos do que o nosso modelo de universidade financiado por todos nós, que somos contribuintes.
Os cursos tecnológicos de nível superior existentes são um passo ainda modesto e pouco abrangente nesta direção.
Além disso, precisamos ter coragem de cobrar de quem pode pagar e ampliar as bolsas das IES públicas aos bons estudantes que conseguiram entrar, mas não podem se manter nestes cursos por falta de recursos.
Para finalizar, as cotas só fariam sentido em minha opinião se, e somente se, as instituições de ensino entendessem que seria preciso (para melhorar a formação do estudante) incentivar o acesso de determinados grupos com o objetivo explícito de ampliar a convivência dos alunos com os mais diferentes tipos representativos de estratos sociais, raças, credos etc, para assim complementar a visão global de formação em nível superior.
Então, neste caso, este seria um programa acadêmico (e não uma política de inclusão social ou política afirmativa) a ser acompanhado, para se verificar se alcança seu objetivo, abrindo-se mão da meritocracia pura na busca da amplitude de experiências para todo o corpo acadêmico.
Isto já é adotado em alguns países com sucesso, mas em programas muito menores e não para todo sistema universitário.
Precisamos é melhorar o ensino básico brasileiro – que é um dos piores do mundo – e deixar de querer corrigir reais injustiças e abusos que ocorreram com os afrodescendentes (e que ainda ocorrem, infelizmente, e devem ser severamente punidos) por meio de paliativos (muitas vezes demagógicos) e pensar em outros programas de inclusão social que os apoie.
Por estas razões, não podemos e não devemos abrir mão do mérito exigido para que as nossas universidades também melhorem sua qualidade para que alcancem a um patamar mais condizente com nossa economia nos rankings internacionais.
Só com medidas que atinjam à educação básica, o financiamento dos alunos capazes e a excelência de parte de nossas universidades elevarão o Brasil e os brasileiros avançarão na escala social como merecem!

Orientação Vocacional: Meus filhos devem seguir meus passos?

por Maria Beatriz Lobo - junho 3rd, 2011

O que meu filho (ou filha) vai ser quando crescer?
Quem já não respondeu ou pretende responder a essa pergunta? E quantos de nós insistimos em acreditar que são os pais os mais capacitados a auxiliar os filhos nessa difícil decisão?
Talvez essa questão estivesse melhor colocada em revistas de psicologia, mas quando pensamos no imenso número de empresas familiares e na grande expectativa que os adultos geralmente possuem em ver seus filhos como seus herdeiros ou sucessores profissionais, podemos calcular o impacto que essas decisões podem causar nas empresas e na vida das famílias.
Melhor do que pensar que isso é um problema de orientação vocacional seria gastarmos um pouco de tempo para entendermos que a escolha da profissão é, com certeza, se não a maior, uma das mais importantes decisões na relação tempo / investimento que as pessoas fazem e aquela que afeta, de forma contundente, muitas das outras que tomamos ao longo da vida.
Não quero tratar da questão da profissão em si, ou se suas características vêm mudando ao longo do desenvolvimento da sociedade, mas quero falar da busca pela felicidade, pois, afinal, é disso que tratamos quando orientamos ou ocultamos nossos desejos em relação a esse aspecto da vida dos que nos são caros.
A escolha da área ou da forma como queremos desenvolver nossas habilidades e gostos, aquilo que muitos chamam de vocação, pode se materializar ao longo do tempo como uma coisa natural e consequente, mas pode ser também uma angústia para pais e adolescentes desavisados que se desesperam ao querer conciliar aptidão, vocação e possíveis vantagens competitivas, sociais ou financeiras, que cada atividade ou profissão pode possuir.
É aí que o conflito surge na maioria das vezes, pois nem sempre o que gostamos é aquilo para o qual possuímos as aptidões necessárias e, mais ainda, podemos possuir ambas, vocação e aptidão, e não reunir condições materiais para alcançar nossos objetivos.
Não é difícil encontrar vocacionados para a medicina que não conseguem financiar seus estudos ou passar pelo funil dos concorridos vestibulares, ou jovens que querem cursar oceanografia e residem no meio do sertão, ou, ainda, adoradores do basquete que não ultrapassaram a barreira do metro e meio de altura.
É preciso que se orientem os jovens a analisar seus potenciais e suas reais condições de enfrentar os desafios da atividade desejada, a buscar informações técnicas sobre as exigências, formação e mercado da área escolhida ou de interesse, encaminhá-los às discussões com profissionais satisfeitos e insatisfeitos com o seu exercício profissional e, acima de tudo, não impor aos filhos ou jovens amarras que nossos sonhos e nossos preconceitos podem impor.
A missão de nosso filho não é continuar a nossa obra. A luta que deve ser travada é por sua felicidade, onde o prazer de se fazer o que se gosta deve ser muito mais importante e, geralmente, muito mais promissor do que aquilo que dá dinheiro ou é reconhecido socialmente.
Quando esperamos que eles se “casem bem”, na verdade queremos que eles escolham o que pode fazê-los feliz, mas não podemos imaginar que somos nós quem devemos nos apaixonar, ou mesmo escolher a pessoa no lugar deles.
Não devemos nos furtar a procurar ajuda profissional quando isso já se transformou em um problema que desgasta pelo menos parte da família, mas os testes e exercícios psicológicos somente devem ser considerados como indicadores e orientadores sobre a vocação das pessoas.
Para não dizer que não falei de flores, aí vai uma sugestão para aqueles que estão enfrentando a dúvida cruel da escolha ou da vontade de mudança profissional: feche os olhos em local tranquilo e isolado e imagine sua vida daqui a dez anos. Pense na sua casa, em seu companheiro ou esposa, imagine seus filhos e seu dia a dia na profissão escolhida.
Esmere-se para ser o mais realista possível, e se, ao abrir os olhos, essa ideia lhe parecer agradável e viável, acredito que você esteja no caminho certo.
Este artigo tem o título original de “Vocação para Felicidade” foi adaptado e publicado no Canal de Gestão da Escola (Portal KlickEducação) e inserido no site da Lobo & Associados em 02/2000