Década de Federer, Nadal e Djokovic! Post 38

por Maria Beatriz Lobo - janeiro 30th, 2012

Para quem gosta de esportes, temos que reconhecer: vivemos uma década maravilhosa para os amantes do bom tênis!
Muitos bons tenistas já marcaram gerações com seus feitos e recordes, assim como grandes duelos marcaram época como Egberg contra Lendl, Borg contra McEnroe, Agassi contra Sampras, entre outros. Vivemos há alguns anos outra rivalidade histórica: Federer contra Nadal.
O domínio absoluto de Federer no início da última década transformou-o, na opinião de muitos especialistas, no maior tenista de todos os tempos: técnica refinada, domínio de todos os golpes, perfeito condicionamento físico, postura vencedora e confiante. Enfim, um gênio do esporte que tinha tudo o que era necessário para levá-lo a bater quase todos os recordes do tênis masculino, o que nos fez acreditar que demoraria muito tempo para que ele encontrasse rivais à sua altura.
A genialidade de Federer parecia imbatível, seu carisma dominou o mundo e seu comportamento educado e ético – ele é considerado um gentleman por todos, inclusive pelos jogadores e jornalistas e tem dado vários exemplos de honestidade na disputa de pontos duvidosos dos jogos – tem sido uma benção para um público que nem sempre teve bons exemplos de esportistas a serem admirados, também, por suas vidas e condutas pessoais.
Quando Nadal atravessou o caminho do suíço, as partidas entre ambos passaram a ser verdadeiras batalhas e ninguém entendia, ou sabia explicar, porque Federer sofria derrotas inacreditáveis para o espanhol e, mais ainda, a razão de seu comportamento ser tão diferente (e muito menos confiante) na quadra e na entrega dos prêmios, pois ele chegou a chorar no último Grand Slam que perdeu antes de bater o recorde de títulos desses torneios reclamando que não aguentava a pressão que sofria por perder de Nadal.
Como mostra a história, sempre há alguém que desafia os gênios de alguma forma difícil de justificar. Eu tenho, cá para mim, algumas justificativas para a desproporção das derrotas de Roger Federer para Rafael Nadal que não são ligadas, especificamente, às questões técnicas desse esporte, mas são, sem dúvida, componentes que são fundamentais para forjar grandes campeões hoje.
Eu sinto que os tenistas mais jovens se viram obrigados a desenvolver 2 aspectos de forma mais contundente do que ocorria antes da supremacia do tenista suíço, numa tentativa de se sobreporem à imensa habilidade técnica e leveza de Federer: a força física (que assegura a resistência para aguentar longos games, ou alcançar todas as bolas e maior velocidade nos golpes para garantir contra-ataques ou winners mais efetivos) e a postura super agressiva (com expressões físicas e manifestações em quadra que antes eram consideradas, no mínimo, uma descortesia em um  jogo de tênis).
Sobre as questões físicas, isso era inevitável que ocorresse (e ocorre em todos os esportes), pois atualmente não só o médico e o fisioterapeuta atendem aos atletas, mas equipes multidisciplinares que trazem todos os avanços das áreas desde a fisiologia do esforço até a nutrição e a psicologia para analisar as reações do corpo e do comportamento do atleta diante de grandes pressões.
Sobre as mudanças do comportamento em quadra, vejo que podem ter sido para pior. A agressividade ao comemorar os pontos e os excessos nas manifestações de poder e determinação dos tenistas mais jovens mais parecem um acinte, um enfrentamento moral com o oponente.
Esses comportamentos, talvez, não tenham nascido com Lleyton Hewitt (quem não se lembra do berro “come on” que ele introduziu até chegar a ser o número 1 do mundo?), ou com os gritos da Sharapova, mas certamente se recrudesceram de um tempo para cá.
Eu sei que muitos consideram isso normal, até parte vital da luta dos grandes guerreiros, e que esses gestos podem render pontos junto ao público, mas são quase provocações (desnecessárias a meu ver) para muitas pessoas e se tornam verdadeiras agressões psicológicas que objetivam desestabilizar o outro, ou incitar a torcida.
É quase impossível enfrentar e superar o desconforto e a vergonha que esses comportamentos despertam em pessoas com a personalidade e a educação de Roger Federer (e posso citar outros como, por exemplo, o argentino Del Potro). Tenho quase certeza que esse é o grande problema de Federer ao enfrentar Nadal, em especial, e a outros tenistas que assumirem essa postura daqui para frente. Falo isso com tranquilidade e sem querer desmerecer as grandes qualidades esportivas que Nadal possui, sem a menor dúvida.
A rivalidade de Nadal e Federer poderia se perpetuar, e ainda vai durar mais alguns anos, como a maior atração do tênis mundial, mas a ascensão de Novak Djokovic (incorporando um pouco de ambos: a técnica refinada parecida com a de Federer e a resistência somada à agressividade das manifestações provocativas de Nadal) trouxe um cenário ainda mais emocionante para a disputa dos grandes campeonatos, em especial aos Grand Slams.
Veremos partidas memoráveis (como a final mais longa de todos os tempos que aconteceu ontem no Australian Open) entre esses três jogadores e batalhas oníricas entre esses seres humanos que se comportam como semideuses. Talvez Andy Murray faça crescer seu jogo – e sua autoconfiança – para compor um quarteto que marcará uma geração invejável de tenistas. �
Entretanto, eu espero, sinceramente, que o destaque dessa década de ouro no tênis não reforce ainda mais o uso da força, dos gritos e dos gestos de onipotência dos jogadores como a grande arma a ser usada para vencer a técnica, a classe, a polidez, enfim, a educação!

 

Sobre o e-mail do Blog – (Post 37)

por Maria Beatriz Lobo - janeiro 20th, 2012

Informo a todos que, atendendo a centenas de pedidos (centenas mesmo!) criei um e-mail específico para este Blog, para quem deseja falar diretamente comigo, principalmente sobre os posts que podem gerar dúvidas e levantar necessidades de caráter privado. Por isso, usem o e-mail com responsabilidade, pois se houver muito spam eu não terei tempo de responder e limpar tudo que chega.
Vamos fazer desse espaço um local de troca, de respeito e de aprendizado mútuo.
O e-mail (blogmariabeatriz@gmail.com) está na parte de cima da página inicial no botão em português chamado “email para a autora” e tem um ícone abaixo,  junto com os outros links, também em inglês. Basta um click que a correspondência estará pronta para ser enviada direto para mim, a autora do Blog.
Em breve teremos também um fórum para compartilhar ideias sobre o mesmo assunto neste Blog, ok?
Obrigada e mantenham contato!

Cuidado com seus instintos: você pode afundar um navio! Post 36

por Maria Beatriz Lobo - janeiro 20th, 2012

Eu li no jornal que o comandante do navio Costa Concórdia, que naufragou há dias atrás na Itália, praticamente no “caminho de casa”, justificou a tragédia que ele mesmo causou como uma consequência de dois fatores: ele fez uma alteração de rota injustificável (que ele já havia feito outras vezes antes!) para saudar um velho amigo e que ele, sim, ele foi vítima de seus próprios instintos!
Eu não quero nem comentar os absurdos das declarações que ele vem alterando conforme a imprensa e as autoridades avançam nas investigações, como a explicação de como ele abandonou o navio (com um escorregão, ele caiu, sem querer, direto em um bote salva-vidas e foi levado com os outros passageiros para longe do navio), ou que as pedras que causaram o naufrágio não estavam nos mapas náuticos (como se pedras fossem iguais ao iceberg em que o TITANIC bateu!).
Vou me concentrar em duas questões que considero muito ilustrativas de comportamentos que, quando não estão associados a uma grande tragédia, ou a uma demagógica reportagem, costumam passar despercebidas, mas que são importantes para uma reflexão.
A primeira é o fato de que o Comandante Schettino (oriundo de uma família de várias gerações de comandantes que o antecederam) chamou de “instinto” o que, na verdade, é um comportamento adquirido e não um comportamento inato como ele parece querer que as pessoas acreditem: a soberba que leva à onipotência.
Para explicar melhor, sabemos que é muito comum o ser humano desenvolver habilidades que, quando são perfeitamente dominadas e repetidas, podem ser menosprezadas por quem as realiza em seus riscos e consequências. Saber muito, ou fazer muito bem alguma atividade pode levar facilmente alguém a descumprir protocolos, ou deixar de fazer as verificações, ou correr o roteiro necessário para garantir um resultado adequado.
É assim que se constroem os cenários de vários desastres, acidentes em que falhas humanas que poderiam ser evitadas ganham contornos de fatalidade, já que não se espera que isso possa acontecer a pessoas tão experientes.
Entretanto, amigos, o modus operandi – esse tipo de comportamento e o que está por trás dele – não é privativo de quem é responsável pelos desastres, ou por grandes prejuízos que são causados contra pessoas físicas, ou jurídicas. Este é o modelo de comportamento para o qual caminham os filhos criados sem limites, os profissionais de alto comando que não são fiscalizados, as pessoas que se tornam famosas, ricas, ou poderosas que acham que tudo podem e que com eles nada de mal acontece, mas se acontecer, dá-se um jeito!
Não pensem que é exagero meu, mas a sensação de ser “todo poderoso”, esta onipotência a qual me refiro, também acontece com os mortais comuns, e em situações do dia a dia, que vão desde dirigir um veículo após 2 ou 3 cervejas pensando que o domina, até fechar a casa antes de sair sem cuidar em verificar se as janelas estão abertas, ou deixar uma criança se divertir em uma brincadeira perigosa só porque você também fazia quando criança e não se machucou. Simples assim, mas no limite, ou nos extremos.
Acontece também com quem responde por reuniões, ou festas, ou por atividades importantes nas empresas. Eles sabem o que tem que ser feito, mas não conseguem manter a constância necessária para garantir o melhor resultado e seguir o roteiro chato de checar o que tem que ser checado.
Ou seja, a palestra não acontece porque não confirmaram o motorista que ia buscar o palestrante no aeroporto, os convidados chegam encharcados porque os noivos acreditam que nunca chove em casamentos ao ar livre, o relatório não chega a tempo porque, na última hora, a internet está fora do ar!
A soberba é a supremacia do exercício do poder acima dos sentimentos alheios e das reais condições de executá-lo, para obter o que se deseja. É colocar-se além do bem e do mal, e, com isso, expor a si mesmo e aos demais sem ter esse direito ou consentimento. Funciona assim: faço porque eu quero, porque eu posso, porque eu mando!
Da mesma forma, a segunda questão que levanto do infeliz episódio do naufrágio italiano, diz respeito ao julgamento que se faz das pessoas nesses casos, levando aos píncaros, ao topo do mundo e do panteão dos heróis quem apenas e tão somente cumpriu com sua obrigação, como o próprio Comandante da Companhia dos Portos de Livorno e sua mulher declararam após o episódio.
Sei que muitos vão achar que cobrar severamente um Comandante que abandonou covardemente seu navio com vítimas a bordo, principalmente se esta atitude tiver gerado alguma ação ou consequência que acabou por salvar vidas, pode ser considerado um herói. Tanto é verdade que já se vende camisetas com a frase que virou um hit na internet, dita por ele aos gritos ao capitão do navio que se negava a voltar a bordo.
Como a própria esposa do Comandante que trabalha na sala de emergência do porto italiano (e que teve seu momento de cobrança hierárquica junto ao capitão fujão gravado e repercutido mundo afora) declarou: “É preocupante que pessoas como meu marido, que simplesmente fazem o dever todos os dias, tornem-se imediatamente ídolos, personalidades, heróis neste país. Não é normal!”.
Eu diria a ela que isso não ocorre só na Itália, mas no mundo todo. Aqui no Brasil, alguém pobre que devolve uma carteira encontrada na rua recheada de dinheiro tem presença garantida no horário nobre da TV e é considerado herói por muitos (e idiota por outros também!).
Eu ainda sou do tempo no qual, para ser chamado de herói, alguém tinha que ter colocado a própria vida em risco para defender uma causa coletiva ou para salvar os outros sem que nada, ou ninguém tivesse pedido, ou mandado e sem pensar em receber nada em troca!

Posts in English

por Maria Beatriz Lobo - janeiro 15th, 2012

 As I promised, I’m starting to post several texts of this blog in English to help the thousands of readers of this site who are other countries natives and do not speak Portuguese.
Even writing in Portuguese and not paying to be on the Google list, or other social networking, in only six months nearly 10,000 comments from more than 3,000 people from 50 different countries make this initiative of this Blog a success already.
Therefore, to maintain the correct understanding of my writings, in spite the big help the virtual translators give us, they have some special difficulties as you all know.
So, I decided to put my posts also in English, that is a universal language, so that I could get closer to much more people and achieve the goals of this blog, which are described in my first post: Why this blog?�
You can read these texts klicking “Posts in English” in the “menu” of homepage on this Blog!
As I told you before, my English in general, is poor, and I need the cooperation of other people: my husband lived in USA for many years to study and become a PHD in Sciences in the Purdue University, where he was awarded the title of “Honoris Doctor Causas” too; my mother (she was a good English teacher for long time) and, specially my sister-in-law Mrs. Flávia Lobo Samuda.
She is a professional translator and English teacher having lived in several countries around the world and helps me always.
How you can see, I have had a great collaboration and I want to thank them so much.
The texts, for technical reasons, are in chronological sequence, because we couldn’t link each Portuguese text to the correspondent English one. So, I had to number every post so that everyone could know which had been translated.
I chose, in the first moment, the more generic texts which would interest a greater number of people. I intend to continue posting all my texts in Portuguese and translate everyone into English and I hope to improve my English to be able to write my articles and answer the commentaries in English simultaneously (this will take several decades…lol!)
So, please, enjoy them and be patient!
In a near future, in this space, I will open a forum so we can discuss together those posted subjects. This will take a little more time, but I sure.
I’ll get there! Hugs to all and happy 2012 and thank you a lot for your participation and support!

Maria Beatriz Lobo

O valor dos bens materiais ao longo de nossa vida.

por Maria Beatriz Lobo - janeiro 13th, 2012

É impressionante que, mesmo sabendo da importância de ter conforto e segurança em relação à nossa capacidade de manutenção ao longo de toda nossa vida, percebo que coisas e até mesmo bens e propriedades modificam seu status em nossas prioridades, de acordo com a fase que vivemos.
Quando crianças, somos imediatistas, despreocupados com a origem do que temos como se tudo nascesse em árvores. Com o tempo, vamos ficando mais do que egoístas, pois só pensamos em satisfazer nossos desejos e necessidades, sem pensar em sacrifícios, ou na nossa cota desta conta.
Na adolescência temos uma voracidade para ter tudo que todos tem, em especial o que o grupo ao qual pertencemos destaca como coisas legais. Tudo é para ontem e amanhã aquilo que tanto queríamos não tem mais valor porque já saiu da moda!
Até os 18 ou 20 anos, nos casos de muitas famílias oriundas de classe média e de outros extratos sociais, os jovens não se sentem responsáveis por ajudar no provimento de recursos para a família, mesmo usufruindo de tudo. Sobrecarregam os pais com pedidos (quando não são exigências) e usam como chantagem a comparação com os amigos que já possuem isso ou aquilo. Querem tanto dizer que são diferentes, mas saem na rua como tribos uniformizadas sem a menor individualidade no gosto de se vestir e se comportar.
Aqui no Brasil o fenômeno da adolescência tardia se alastra: filhos moram com os pais até 35 ou 40 anos, muitos deles sem contribuir com parte do que ganham para o bem estar da casa, usando tudo para se conforto e despesas pessoais. Acho isso injusto e prejudicial na educação dos filhos.
Os adultos passam a vida a se preocupar consigo mesmos e com o futuro dos filhos, que raramente demonstram talento para a independência financeira e todos acabam achando que eles merecem ter aquilo que não tivemos, então as coisas vão ficando do mesmo jeito de sempre.
Multiplicamos nosso trabalho e acumulamos coisas e bens ao longo da vida (muitas delas totalmente desnecessárias e caras de manter) e ocorre um fenômeno: temos bens para poder aproveitar a vida, mas temos que trabalhar mais para pagar mais gente para manter ou cuidar do que juntamos.
Tudo que compramos vira um passivo (só agregam custos e não rendimentos!): a casa de praia, o chalé no campo, um barco, o cavalo na hípica, enfim, gastamos para manter aqueles luxos que nos dão duas alegrias, quando compramos e quando conseguimos vender (perdendo rios de dinheiro com isso, é claro!).
Com a idade avançando, além do status e do empurrãozinho para a independência dos filhos, começamos a traçar planos para garantir um rendimento mínimo para viver com dignidade e usufruir do merecido descanso da aposentadoria. Aí percebemos que a roda não pode parar de girar, que a bicicleta se pararmos de pedalar cai e assim continuamos ocupando a vida em ganhar para pagar as coisas que juntamos para nos divertir, ou trabalhamos para manter empresa e os salários dos outros, aumentando nossos passivos com as questões trabalhistas e a depreciação do patrimônio.
Por fim descobrimos que é melhor ter menos, menos mesmo e de tudo. Menos casas, menos coisas para cuidar e tomar nosso tempo, menos gente para cuidar de nossas coisas. Temos que ter a coragem de planejar a hora de por o pé no freio e ficar com aquilo que é fundamental e fazermos mais o que gostamos.
Quando viajamos sempre penso que se meu país entrasse em guerra e eu não pudesse voltar, eu poderia viver muito bem com o que tenho em um quarto de hotel. Então, não posso esquecer disso para poder aproveitar mais a vida (ser mais minimalista) e é isso que vou fazer.
Quero a partir de 2012 escolher para quem trabalhar, ter poucos contratos bons e me dedicar à clinica de psicologia que quero reabrir, ao livro que quero escrever, ao disco que quero gravar, ao programa de TV que queria ter, mas sobretudo, aproveitar e curtir meu marido, viajar e poder ficar de bobeira, sem compromissos malucos marcados pelos outros.
É a vantagem de quem trabalhou muito e com qualidade e de quem alcançou a maturidade, Ainda bem que estou podendo, mas só eu sei o sacrifício que fizemos para poder sonhar com isso!

Protese de silicone: será que eu teria coragem?

por Maria Beatriz Lobo - janeiro 12th, 2012

Eu não quero fazer aqui críticas para quem tomou, ou pretende tomar a decisão de colocar prótese de silicone nos seios, ou em outros locais do corpo apenas por motivos estéticos.
Moro no país com uma excelente reputação em cirurgia estética e em segundo lugar (se não for o primeiro) em contingente de mulheres que se submetem às cirurgias para aumentar o volume dos seios.
Conheço mulheres lindas e jovens que acharam que precisavam se sentir ainda mais sensuais, assim como outras que buscaram ter novos seios para ter um real ponto de atratividade física. Respeito a decisão de todas essas pessoas.
Eu mesma já fui orientada a preencher com uma cirurgia plástica a região da minha bochecha em razão de um tumor hemorrágico e invasivo, mas que felizmente não era um câncer, que por duas vezes quase me matou, há quase 20 anos atrás, pois com a idade, a pele vai perdendo a capacidade elástica de sustentação e o vazio que o tumor deixou entre a órbita do meu olho esquerdo e meu maxilar vai se tornar cada vez mais visível.
Por isso, penso muito no assunto e tento estar atenta às conversas a respeito das cirurgias que as mulheres buscam para alterar algo em seus corpos que não as agradam.
Em alguns casos, vejo que há uma tentativa de resgate da autoestima, por vezes já devastada por causa de alguma má formação, ou por uma característica que incomodam essas pessoas profundamente.
As cirurgias plásticas, feitas por profissionais competentes e em centros especializados, apesar do risco, em muitos casos significam um renascer, como uma nova vida para a pessoa e até para um casal, pois há mesmo casos em que essa mudança faz toda a diferença.
Há casos em que a cirurgia é para pessoas que não querem, ou não conseguem superar aquilo que consideram um handcap que traz insegurança ou até mesmo infelicidade. Eu não vejo como alguém pode recriminar este tipo de decisão.
Eu acompanhei, ou tenho ouvido falar, também, de muitos casos em que a cirurgia é usada, infelizmente em minha opinião, como uma varinha de condão para satisfazer o desejo de ter seios maiores, uma barriguinha enxuta, ou nádegas salientes para tornar-se mais atraente, muitas vezes com a ilusão de que o resultado pode trazer de volta um amor perdido, ou o interesse sexual do parceiro adormecido. Penso que o risco de decepção nesses casos é bem grande.
Na mesma linha, vejo que em muitos casos esses recursos são usados para fazer o papel de substitutos do esforço necessário para emagrecer e, para isso, a plástica de abdômen e a lipoaspiração são usadas como se fossem uma panacéia a superar os males advindos da preguiça e da falta de força de vontade.
Tenho um grande amigo, Dr. Newton. Ele é um excelente cirurgião plástico e sempre me diz (e eu concordo com ele) que a maioria das mulheres que o procuram para se submeter a uma cirurgia estética não possui uma recomendação adequada. Ou seja, elas não precisam esteticamente de se submeter a uma cirurgia para obter os resultados que desejam. Muitas deveriam fazer, a meu ver, uma boa terapia psicológica.
Eu brinco com ele dizendo que um dia eu pretendo me submeter a uma lipoaspiração abdominal e ele me responde, sabiamente: “você teria que perder peso para eu te operar e se você perder peso com regime e exercícios, então a cirurgia não será mais necessária!”
Eu realmente me pergunto, muitas vezes, se estaria disposta a correr o risco de uma cirurgia para ficar…na verdade, como todas as mulheres desejam…mais bonita!
Eu estarei em abril com 50 anos de idade e, apesar de ter nascido com uma genética favorável, sei que poderia corrigir, sim, alguns pontos de meu corpo (além da região da face cuja depressão ainda não é tão perceptível) como aquele pequeno pneu que insiste em permanecer em minha cintura, apesar do regime e da ginástica que eu faço.
Eu sempre me aprofundo em tudo para tentar entender o que está em jogo para analisar a relação custo/benefício de uma decisão importante.
Qual conclusão cheguei? Para mim – é importante que fique claro que falo sobre mim! – honestamente, acho que a ideia de colocar uma prótese de silicone nos seios, por exemplo, com o risco de rompimento ou de vazamento do material tóxico em meu corpo (um fato que tem sido cada vez mais frequentemente anunciado) somado à obrigação de, nos próximos 15 ou 20 anos, ter que refazer a cirurgia, obrigatoriamente, para substituir a prótese, mesmo sem que eu saiba como estarei até lá, ou seja, se terei saúde e condições financeiras de fazer outra cirurgia aos 65 ou 70 anos de idade, ainda me aterroriza.
Talvez porque eu já me senti, e fui mesmo, uma garota adolescente muito, mas muito feia, eu tive que aprender como valorizar aquilo que tenho de mais bonito, ou atraente, e, mais do que tudo, eu achei conscientemente que tinha que desenvolver outros atrativos para conquistar alguém interessante para mim, eu posso dizer que sei, definitivamente, que esta história que o que realmente importa é a beleza interior é uma mentira no curto prazo – no primeiro contato a parte física é aquilo que chama a atenção, não adianta disfarçar e é muito bom quando nos sentimos confiantes neste aspecto, se possível – mas para o médio e longo prazos é o que realmente funciona, tem peso em um relacionamento e em nosso bem estar.
Pode-se traduzir essa beleza interior como a capacidade de usar a inteligência a seu favor, como ter um bom senso de humor, ser agradável e desenvolver valores e atitudes que sejam respeitados por todos e, assim, você conseguirá aquilo que realmente importa (e que a idade e o aspecto físico não conseguem mudar): a nossa capacidade de gostar de nós mesmos e de despertar a admiração das pessoas que realmente valem a pena!

Para que 2012 seja feliz!

por Maria Beatriz Lobo - janeiro 10th, 2012

Ao passar a noite do “réveillon”, vi milhares de pessoas de vários países do mundo na Boulevard Street, em Las Vegas, comemorando o ano que estava chegando (ou o ano que estava acabando?) e pensei o que é preciso acontecer para que se considere que um ano seja feliz, seja bom, um ano inesquecível?
Há pessoas que analisam o ano de acordo com a perda de pessoas queridas (se não morreu ninguém importante na sua vida, dá para considerar um bom ano…), mas há pessoas que não acham isso suficiente. Se passaram o ano com saúde, se conseguiram algum bem material (comprar a casa dos sonhos, ou conseguiram trocar de carro) ou profissional (conseguiram um emprego, ou uma promoção), fazem as contas imaginárias (cujos critérios são absolutamente variáveis de pessoa para pessoa) e sentenciam: foi um ano bom, ou ainda bem que o maldito ano está acabando…!
Conheço gente que logo leva para o lado exotérico: anos pares são bons, mas os anos ímpares…! Outros nunca estão satisfeitos, pois tudo poderia sempre ser melhor.
Eu costumava pensar nesses termos de ano bom ou ruim, mas desde que me casei pela segunda vez (e lá se vão quase 15 anos maravilhosos!) acho todos os anos ótimos, não trocaria nenhum deles ou faria nada diferente.
Perdas eu tive, algumas, graças a Deus nenhuma expressiva, trabalhei muito, tive decepções, em especial vinda de pessoas próximas das quais não esperava ingratidão ou injustiça, mas cheguei à mesma conclusão sobre o que é um ano bom comparando ao que é a felicidade para mim.
Se para alguns não existe felicidade, só momentos felizes, para mim ser feliz é ter uma rotina feliz. Nessa rotina podem acontecer momentos de extrema felicidade, como de aborrecimento, mas se o meu cotidiano é agradável, se faço o que gosto, me sinto bem, mas, sobretudo, se estou cercada de quem eu mais amo e se o meu dia a dia é prazeroso, ou seja, aquilo que me faz realmente feliz é parte concreta e constante daquilo que realizo e do meu modo de viver, então eu me considero, simplesmente, a mulher mais feliz do planeta!
Quanto mais eu penso, mais eu tenho essa certeza: não mudaria um único dia dos meus últimos 15 anos. Por isso na noite do ano novo só pensei que, mesmo eu tendo tido alguns problemas em 2011, eu só quero para 2012 que deixem tudo como está, ou seja, que não mudem muito as coisas para mim e meu marido. Quero que meu único filho se realize, é claro, mas ele também terá seu próprio tempo e sua forma de encontrar a felicidade.
Que venha o Ano Novo!

Quem paga a conta quando alguém cai de um bungee jumping?

por Maria Beatriz Lobo - janeiro 9th, 2012

 Li a notícia sobre uma moça que caiu 150 metros de altura ao pular de um bungee jumping que se rompeu, na África do Sul, lançando-a em um rio cheio de crocodilos. Por sorte ela se salvou, mas imediatamente me veio à cabeça uma questão que sempre surge quando vejo resgates de praticantes de esportes radicais, ou mesmo equipes procurando na terra, no mar, ou no ar por alguns audaciosos que cometeram alguma imprudência.
Sei que todos estamos sujeitos a acidentes e que os serviços públicos, aí incluídos os bombeiros, a guarda – costeira ou a florestal, hospitais, centros de emergência ou resgate etc, existem para dar suporte em casos que vão desde tragédias decorrentes de desastres climáticos até à busca do gatinho que subiu na árvore e não conseguiu mais descer.
Entretanto me pergunto se é dever do estado, do governo, ou seja, do contribuinte que paga impostos pagar pelos custos dos acidentes causados por pessoas que decidem praticar atividades com alto grau de risco, que não são frutos de trabalho, ou de pesquisa, mas apenas a busca do prazer pela adrenalina que alimenta o corpo de quem cai das alturas, surfa ondas altíssimas ou nada em locais proibidos, sobe no Everest, mergulha sem scuba ou acampa perto de ursos, correndo risco de vida, ou de sofrer acidentes totalmente previsíveis.
Acho até que é dever do estado, ou dos serviços públicos socorrem essas pessoas, mas elas devem ressarcir o que foi gasto além de receberem uma alta multa por mobilizarem recursos que deveriam estar salvando vidas que não pediram, ou não contribuíram diretamente para o acidente e que mereciam maior disponibilidade desses agentes.
Assim como motoristas que cometem acidentes dolosos no trânsito devem pagar pelo preço que custar o tratamento da vítima, os esportistas radicais deveriam manter seguros para bancar seus riscos (necessários para que o esporte sobreviva, mas desnecessários para o bolso alheio), quem gosta da emoção do desastre iminente, quem se joga em uma aventura de alto risco deve pagar por isso, pois sobrevivendo ou não, são o recursos públicos, ou seja, de todos os cidadãos que vão pagar esse “pato”.

O que fazer quando se ama alguém que não nos faz feliz?

por Maria Beatriz Lobo - dezembro 21st, 2011

Esse é um tema que eu mais do que vivi, pois passei por isso várias vezes, além de tentar ajudar outras tantas pessoas que sofrem quando descobrem que amam, mas esse amor não traz sua felicidade.
Ao contrário do que se pensa, e do que se divulga e espalha pelo mundo, amar alguém é uma condição (na maioria das vezes) necessária, mas nem sempre suficiente para fazer com que sejamos felizes, ou mesmo para manter alguém nas nossas vidas.
Há casais que vivem felizes e não tem o amor como principal motivo da união. Apontam a amizade, a companhia, os interesses mútuos, enfim, cada casal sabe a razão pela qual decide manter sua vida a dois.
Quando está dando certo, não existem problemas que o amor não consiga vencer. O problema é quando há problemas, ou seja, conflitos de personalidade, carater ou diferenças irreconciliáveis que nos fazem sofrer. Na maioria dos casos, porque nós amamos acabemos pensando que devemos ficar e tentar mais uma vez, sempre, indefinidamente, porque o amor justifica tudo.
Ninguém, mas ninguém mesmo mais do que eu valoriza o amor e acha que tudo vale a pena para estar ao lado de quem se ama. Entretanto, não acredito que haja amor verdadeiro se sua base não for alicerçada na reciprocidade, se a convivência não nos faz sentir mais felizes com ele do que sem ele. Quando amamos, mas estamos sempre angustiados e sofrendo porque os defeitos do outro (combinado com os nossos é claro!) ou a vida em comum não nos torna melhores e mais felizes, é preciso ter a coragem de perguntar: devemos ficar com alguém só porque o amamos?
Logo que meu único filho começou a namorar, eu percebia que, como eu (e talvez por minha causa, ou seja, por aprender comigo) ele era capaz de desenvolver um importante envolvimento e discutir as relações de forma corajosa e madura, mas tinha dificuldade de perceber o momento em que os sinais indicavam que estava na hora dele dar um basta, ou educadamente deixar que o outro lado tomasse a iniciativa (mesmo que fosse incentivado pelo seu comportamento, ou por seus argumentos) de terminar o namoro!
Expliquei a ele que, diferentemente do que muitos imaginam, o namoro existe não para que encontrarmos logo com quem vamos nos casar (se fosse assim, o número de casamentos precoces seria muito maior do que é), mas para aprendermos a terminar uma relação.
Namoramos para descobrir o que importa para nós, aquilo que gostamos e aquilo que não aceitamos, para saber que nem todos ficarão conosco a vida toda e que mesmo assim vamos seguir em frente, vamos sobreviver, sozinhos, ou pelo menos até encontrarmos um novo par. É para isso que namoramos. Para sabermos o que queremos e o que não queremos para nossas vidas. Se não está sendo assim para alguém, é importante que essa pessoa saiba que deveria ser assim.
Por essa razão, é fundamental que pais e filhos conversem para que eles saibam que essa quase paranóia que nos acomete quando nos apaixonamos e essa dor do rompimento vão passar e que terminar uma relação quando alguém, de fato, não serve para nós é uma atitude madura e necessária para que a gente mantenha a individualidade e os valores preservados.
Não basta amar para ser feliz e o amor não se sustenta quando as condições básicas para uma relação não estão atendidas na visão de quem teve (ou deveria ter) a coragem de romper o relacionamento.
Quando o amor nos faz sentir menores (ao invés de nos fazer crescer), se há desrespeito, se nos sentimos abusados em nossa boa fé, se não nos sentimos completos, importantes e valorizados por quem amamos, é preciso ter coragem de mandar no coração e tomar a decisão a partir da nossa consciência. O coração não tem sempre razão e não devemos achar que ter amor por alguém nos torna prisioneiro de uma pessoa.
Nascemos sós e vamos morrer sós. Temos que ser felizes primeiro conosco mesmo pois somente quando nos amamos e nos valorizamos é que somos capazes de amar melhor alguém e fazer com que nos amem com mais justiça e equilibrio. O amor desenfreado de um lado só não funciona, simples assim!
Quem não teme em terminar uma relação, porque sabe que não está e não será feliz assim, mesmo amando, estará muito mais apto a encontrar (ou ser encontrado) e desfrutar o verdadeiro amor, esse sim, inquestionavelmente, a melhor coisa que existe na vida!

 

 

 

Barcelona X Santos: o coletivo x o individual

por Maria Beatriz Lobo - dezembro 18th, 2011

Este não é um post oportunista pois já disse isso muitas vezes, inclusive neste blog. A final do mundial de clubes deveria ensinar aos técnicos brasileiros que não temos mais a técnica, o toque de bola que mostramos ao mundo na geração Pelé/Garrincha.
Ao contrário, desaprendemos a usar o coletivo e só cultuamos os valores individuais, reflexo da cultura do próprio país.
Nós que treinamos quase sempre em meio campo, usamos muito a rodinha e o bobinho, entramos na roda e só não assumimos nossa “bobice”.
Poderia ter sido 6, ou 7 a zero. Foi um time acovardado diante de uma equipe entrosada, que joga com toque e domina onde se ganha jogo: o meio de campo.
Precisamos ter humildade e reconhecer nossas falhas e que nossa visão de primazia no futebol está só na memória de um tempo que não existe mais. O Barcelona não ganha de 4 a 0 de muitos times na Europa, portanto, nós estamos mesmo mal.
Se eu fosse o Pep Guardiola, técnico do Barça, responderia agora ao querido Muricy que há vagas de estagiário para técnicos brasileiros que quiserem aprender como se joga o futebol arte, pois ganhar no Brasil, ao contrário do que disse o técnico brasileiro, parece não ser a grande prova de qualidade que ele defendeu de forma precipitada na entrevista antes da final!
É povão, vamos abrir os olhos, que no país do futebol o esporte nos ajude a enxergar a verdade: não estamos com a bola cheia!